(Esse foi o último texto que o Marcelo tentou mandar do Jalapão no dia 18 de julho, dia do encerramento da vivência com o capim dourado. Só que a a aranha net justo dessa vez não ajudou, mas segue agora o post com mais imagens e já uma amostra de dois protótipos prontos dos novos produtos)
Sem dúvida o maior exercício dessa vivência foi trabalhar em equipe , no coletivo. Chegamos e desde o primeiro dia, todas as artesãs estavam esperando um curso. “Isso é sempre assim, (disse a Heloisa Crocco), elas sempre acham que iremos chegar e dar aulas”,… Não que isso de alguma forma não aconteça, mas precisamos começar nos familiarizando com o feitio do trabalho com o Capim”… Por aí dá para imaginar um pequeno conflito, de um lado a ansiedade das artesãs de aprender e do outro a nossa expectativa de entender e conseguir implementar novas técnicas e novas estéticas a partir dos saberes e de tradições delas.
“TU ME ENSINA A FAZER RENDA QUE EU TE ENSINO A NAMORAR”
Esse, com certeza, foi e é o momento de maior dificuldade de toda a vivência…dá vontade de nem desfazer as malas e voltar!!! Uma das artesãs, nesse primeiro dia, me sugeriu de desistir de dar aula e reformar a sua casa dela – que isso com certeza eu sabia fazer BEM!!! Passado o susto, as coisas foram se azeitando e tudo começou a andar bem. A confiança mútua foi crescendo. E entendendemos a verdade que existe quando elas mesmas afirmam que “deixamos de costurar roupas para costurar capim”. Esse era o caminho , capim se costura e ponto. E a partir daí abriu-se espaço para a nossa intervenção no trabalho delas, de trazer uma nova linha , de outra cor (o preto) , pra costurar o capim.
As oficinas aconteciam das 8 as 11h, quando as artesãs paravam pra preparar o almoçoe voltavam pra continuar das 14 às17h. Depois, saíamos para andar pela cidade, fazer mais reconhecimento de área , discutir junto com toda a equipe sobre as impressões , dificuldades e novas idéias. Sempre um momento sempre muito rico, divertido, do coletivo e, claro, sempre regado a muita cerveja, pois o calor do Tocantins não é coisa pra amador. Pense num lugar muito quente,…, pois lá e um pouco mais!
Mas o melhor de tudo isso, é que esse tipo de vivência pode e deve acontecer em qualquer esquina do nosso Brasil. Não tem lugar definido, não coloca limite , basta ter gente e disposta a por a mão na massa, por tradição ou por necessidade de sobrevivência , com suas riquezas naturais – de sementes , fibras, palhas , linhas, algodão e sei lá mais o que dê em abundância nas nossas terras.
Sobre o método:
Levei referências de tendência das maxi bijoux, tipo que se usa hoje e que aparecem em todas as revistas de moda, até nas novelas.
Fizemos o exercício de observar o cotidiano delas, as belezas da região e buscamos incorporar essas formas nos objetos, valorizar o brilho do capim dourado, como matéria mais nobre e usar outros materiaia que contrastassem mas que não roubassem a cena.
Optei em trabalhar mais com bijoux pois usa-se menos matéria de capim e essas peças podem ser mais valorizados pois a aceitação é imediata.
Fizemos uma mesa onde o pé é o mesmo das lixeiras existentes na cidade, mostrando o quanto o entorno pode nos inspirar a criar objetos.
colar Raimunda, com uso do fio preto
mesa Amélia, com pé de lixeira
Só sei que gostaria de dedicar cada vez mais do meu tempo para trazer esse artesanato em potencial, essa riqueza natural para o benefício de todos…todos nós temos muito que aprender! É isso, espero que essa vivência tenha sido tão transformadora para as artesãs e para a equipe Jalapa, como foi pra mim. – Marcelo
EQUIPE COLEÇÃO JALAPA
COORDENADORA HELOISA CROCCO
DESIGN GRáFICO MARCELO DRUMMOND
FOTÓGRAFO FABIO DEL RÉ
VÍDEO DOCUMENTARISTA TOMAS
DESIGNERS HELOISA CROCCO, FERNANDO MACULAN, MARCELO ROSENBAUM
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Outros links sobre a Vivência Jalapão aqui no blog:
Vivência Capim Dourado, conta mais sobre o projeto e o convite que o Marcelo recebeu da Heloísa Crocco
No Jalapão tem Aranha Net, primeiras imagens e impressões sobre o Jalapão, diretamente da lan house 24h
As Mãos de Ouro, apresenta as artesãs
Jalapão Work in Progress, as primeira peças em desenvolvimento