A Casa Cor Peru abre semana que vem, dia 22 de setembro. O texto abaixo, Marcelo escreveu especialmente para a revista desta edição. Faz a gente imaginar um pouco do que está acontecendo por lá e como será o Loft do Jovem Colecionador de Arte.
Orotongo, Harry Chávez, Cuentas plásticas y gemas de vidrio sobre lienzo, 2004
O jovem colecionador de memórias
Participar da Casa Cor Peru me fez lembrar que sou latino-americano. Mesmo que pareça algo meio estranho para um brasileiro dizer, foi bem o que senti, ao reafirmar um vínculo tão genuíno através do meu trabalho. E ainda que fosse apenas por isso, já valeria, e muito, o convite – obrigado, Verônica!
Nessa, que foi minha primeira vez em Lima, de cara encontrei uma cidade vibrante, colorida, caótica, sofisticada, rica e pobre ao mesmo tempo – que me lembrou São Paulo, em outras proporções. Assim como nas outras cidades peruanas que visitamos, me senti bem-vindo, em casa, ou no máximo na casa do vizinho amigo.
Sou um designer que vive e trabalha no Brasil, um país onde o mais comum é ser diverso. Onde, muitas vezes, o contraste é que acaba harmonizando as manifestações culturais. No meu dia-a-dia de trabalho, procuro aproximar as duas pontas. Seja colocando um objeto tecnológico ao lado de uma peça de artesanato de raiz, seja criando ambientes dos mais sofisticados a partir de itens dos mais populares. Reusando materiais para criar novas peças ou reunindo gente de todo o tipo no mesmo lugar.
O meu jeito de perceber o entorno está diretamente relacionado com a memória que as pessoas, os lugares e os objetos trazem, com a história que contam. Tem a ver com a cidade do interior onde nasci, com os meus avós alemão, russo, italiano e português; com meu pai judeu, minhas crenças budistas, com meu dia-a-dia. É minha bagagem, que eu não viajo sem. E chegar ao Peru me trouxe o frescor de novas possibilidades de misturas e percepções, em conseqüência, de trabalho.
Para a Casa Cor criei a sala do jovem colecionador de arte. Provavelmente porque o gosto pela memória sugere coleções – eu também tenho as minhas. De obras de arte a souveniers, objetos contam histórias. “Eu estive no Peru e lembrei de mim”.
Mais imagens inspiradoras do fotógrafo Mario Testino, do livro editado por ele “Lima Peru, Featuring the Work of Over 100 Peruvian Artists.